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Gastronomia

Uma vida simples, tradicionalmente rural, levou a que os povos desta região serrana engenhosamente procurassem a sua autossuficiência, abastecendo-se nos seus próprios teres e haveres, utilizando recursos do cultivo das suas terras, da pastorícia e da criação de animais de capoeira e pocilga, para aquilo que mais falta lhe fazia: a alimentação.

Por isso mesmo é que, na frugalidade duma cozinha de subsistência alimentar, mas bem apaladada, podemos hoje encontrar uma variedade de alimentos confeccionados com base na originalidade que nos foi legada através dos tempos, pela inventiva e persistência das gentes humildes destas redondezas.

Esta região foi habitada pelos árabes, deles subsistindo muitos dos hábitos assimilados e continuados até ao presente. Estão neste caso os alimentos, em especial os lacticínios, os frutos, os cereais e os legumes. Também as sopas, que os árabes designam por Tharid, se assemelham às nossas sopas regionais, já que são feitas de pão migado embebido em caldo de carne fervida com ervas aromáticas, mormente a hortelã da horta.

As Sopas do Verde têm a sua origem nestes pressupostos. Verde é, ainda no presente, a designação dada ao sangue obtido na sangria que se faz aos animais, aquando do seu abate. Juntam-se as vísceras, para fazer o caldo (líquido quente) a cheirar a hortelã, necessário para lhe lançar o pão migado (as sopas).

Dessa feliz união nascem as Sopas do Verde que foram, num passado ainda recente, o prato principal nos banquetes de casamento. Parecendo um prato trivial, pobre de aparatos culinários, o que motivava ser tão apreciado?
Precisamente porque não era de uso corrente. Para o confeccionar, necessária era o abate da rês. Não podia ser abatida com frequência, porque servia de estabilidade económica do proprietário dos pequenos rebanhos, de onde retirava alguns proventos com o leite, a lã e a venda dos animais. Portanto só era permitido o seu abate por festa familiar, baptizado ou casamento

Um dos pratos da época invernosa são as “Couves de Azeite”, nas suas múltiplas variantes. Couves cortadas miúdas, cozidas em água e sal, a que se pode adicionar ou não, pedacinhos de batata, feijão branco ou feijão manteiga.
Num prato fundo miga-se broa à mão e coloca-se-lhe por cima as couves escorridas.

Adubam-se abundantemente com azeite e comem-se com azeitonas, uma isca de bacalhau assado ou umas petingas assadas ou fritas.

Outro prato muito apreciado são os chícharos (um legume muito parecido com os tremoços, no seu formato, se bem que enrugado, enquanto os tremoços são lisos) acompanhados com bacalhau assado.

Ingredientes:
1 kg de carne de borrego, alho, pimenta, azeite, colorau, louro, salsa, cebola, 0,5 kg de batata.

Modo de Preparação:
A carne, depois de limpa, é cortada aos bocados. Juntam-se os ingredientes e deixa-se temperar de um dia para o outro. Põe-se um tacho ao lume com a cebola.
Deixa-se ferver algum tempo.
Seguidamente junta-se-lhe a carne e os temperos em que esteve a marinar e cozer em lume normal.
Quando a carne estiver quase guisada, juntam-se as batatas cortada aos quartos.

Também famosas são as morcelas de arroz. Escolhem-se as tripas mais largas. Aproveita-se também o estômago do porco, o chamado bucho. O tempero da carne é o mesmo do chouriço (a carne é partida em pedaços que se temperam com colorau, sal, vinho e alho picado fino, ficando a marinar neste tempero 2 ou 3 dias), a que se acrescenta cominho e cravinho, apen as na altura de as fazer.
O arroz leva uma fervura rápida, escorre-se e mistura-se com o sangue, cebola picada e salsa.

Depois de cheias, as tripas são imersas em água a ferver, onde acabavam de cozer.