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Biblioteca de Fátima

 

 

PINTO, Pedro – O último bandeirante. 3ª ed.. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2009. ISBN 9789-989-626-154-2.

 

Um romance do apresentador de TV, Pedro Pinto. O último bandeirante incide sobre a vida e obra de António Tavares Raposo, esse grande bandeirante e aventureiro, que, tendo achado Beja demasiado circunscrita geograficamente falando, resolveu partir para o Brasil e, de São Paulo, por esse continente afora, dando a conhecer segredos até aí apenas imaginados. Contudo, este não é um livro histórico: é um livro ficcional, embora baseado no pouco que se sabe sobre esse homem e a sua obra. As bandeiras parecem estruturar-se em dois atos: o primeiro rege-se pela destruição paulatina das reduções jesuíticas espanholas e dos seus índios; o segundo, onde parece prevalecer a busca do conhecimento geográfico e dos minérios ricos. Raposo Tavares representa os dois atos do drama. Jovem, desumanamente ataca e escraviza as reduções dos jesuítas. A isto não será alheio, certamente, toda a oratória do Padre António Vieira ou José de Anchieta, que defendem os ideias do humanismo e da preciosidade da vida indígena. Portugal e Espanha vivem sob o mesmo rei. O problema das fronteiras, nessa altura não têm muita importância. Com a Restauração, porém, o caso muda de figura. Nesse aspeto deve ser enquadrada a grande bandeira que parte da aldeia de S. Paulo de Piratininga, comandada por Raposo Tavares, onde seguem mais cento e vinte portugueses e cerca de mil índios amigos. A exploração demora três anos. Chegam, ao fim de 12 000 quilómetros de selvas e sertões, de febres e doenças, de frio e calor, 57 homens vivos. Os restantes tinham sucumbido no percurso. Tinham chegado ao sopé dos Andes, tinham atravessado rios e pântanos, tinham combatido tribos inimigas. Resta apenas uma esperança de voltar ainda, de superar todos os perigos e trâmites, qualidade configurada na cabeça do homem que comanda a expedição. Das duas, uma: pode ou não gostar-se do livro, mas uma coisa, porém é certa, que não tendo havido António Raposo Tavares, o Brasil não seria hoje um país de dimensão continental. Pelo menos, vale a pena ler só por isso.